Parque Natural do Fogo

A maior área protegida terrestre de Cabo Verde è na Ilha do Fogo, representada pelo Parque Natural do Fogo com uma extensão de 85 km2 distribuídas pelos três municípios de Santa Catarina (50%), Mosteiros (28%) e São Filipe (22%).

A zona interna desta área inclui a Bordeira, o Vulcão Pico do Fogo, a Floresta de Monte Velha e Chã das Caldeiras que com um diâmetro de 9 km tem uma população de 400 pessoas que vive essencialmente da agricultura e da prestação de serviços no sector de turismo.

Encontram-se diferentes tipos de habitats devido à diversidade de altitude e ao microclima que caracteriza algumas áreas. Em geral o clima è subtropical seco, caracterizado por uma curta estação de chuvas de Julho a Outubro, determinado principalmente pelos fatores altitude, relevo e exposição, e uma estação seca nos restantes meses do ano.

Um lugar tan rico de biodiversidade e com a presença do Vulcão Pico do Fogo que acompanha os visitantes na descoberta do Parque Natural da Ilha do Fogo onde se alternam paisagens lunares de terra negra, montanhas, colinas e panoramas inesquecíveis.

Flora e plantas endémicas do Parque Natural da Ilha do Fogo

Em geral, a flora na Ilha do Fogo é composta por cerca de 120 espécies entre as quais destacam-se aquelas nativas e endêmicas. 37 das 41 plantas endêmicas que existem na ilha do Fogo encontram-se distribuídas na área do Parque Natural da Ilha do Fogo, no sopé do vulcão, devido a sua característica geográfica e as peculiaridades do microclima que favorecem a distribuição das espécies nativas.

As plantas no Fogo sempre tiveram um significado muito importante para a população local, especialmente para uso na medicina tradicional, e nesta grande riqueza em biodiversidade existem espécies que são exclusivas da Ilha do Fogo, como: Língua-de-vaca “Echium vulcanorum”, Funcho “Tornabenea tenuissima” e “Tornabenea humilis”, Mostardinha “Diplotaxis hirta”, Sabão-de-Feiticeira “Verbascum Cystolithiucum” e Cravo-brabo “Erisymum caboverdeanum”.

A flora endémica da ilha do Fogo è em perigo de extinção e as principais ameaças são associadas a atividade humana, às alterações climáticas, introdução de espécies invasoras e erupções vulcânicas. Muitas espécies estão hoje protegidas e várias atividades de conservação estão sendo desenvolvidas, como o Jardim Botânico de Monte Velha.

Jardim botânico 

A fim de valorizar o património botânico da ilha de Fogo e o património histórico e florestal de Monte Velha foi reabilitada, no âmbito do Projeto F.A.T.A e Rotas do Fogo financiados pela União Europeia e implementados pela Ong italiana Cospe, a área externa da ex-residência do Presidente da República para a realização de um jardim botânico de espécies endémicas. Um lugar para visita dos turistas e, ao mesmo tempo, de educação ambiental e preservação das biodiversidades.

A requalificação foi implementada com várias ações de limpeza e restauração e com a criação, no final, do jardim botânico com o transplante de novas plantas endémicas e medicinais. Durante a plantação, feita no mês de setembro de 2019 foram plantadas 75 plantas entre 27 espécies botânicas diferentes e ameaçadas de extinção, específicas e características da ilha e em particular desta área montanhosa. 

Passear no Jardim Botânico representa uma experiência única para imergir-se na vegetação, na natureza e tranquilidade da floresta: no longo dum percurso delimitados por estaca e cordas, os visitantes podem encontrar as principais espécies endémicas, medicinais e comestíveis.
No começo há várias plantas de árvores como Marmulano, Dragoeiro e Língua de Vaca, no meio e ao final as arbustivas e herbáceas como Coroa-de-Rei, Erva Cidreira, Mato-Botão e Teixeirinha, Piorno, Lantisco,etc…
Cada exemplar de plantas endemicas tem um painel de identificação com o nome comum e o nome científico na ideia de melhorar o conhecimento pela conservação das espécies endêmicas ameaçadas de extinção nas ilhas do Fogo.

As plantas mais comuns nesta área da ilha são: Dragoeiro (Dracaena Draco); Língua de Vaca (Echium Vulcanorum); Tortolho (Euphorbia Tuckeyana); Losna (Artemisia Gorgonum); Erva Cidreira (Satureja Forbessi).

A Fauna no Parque Natural da Ilha do Fogo

Os aves Tchota-de-cana, “Acrocephalus brevipennis” e o Petrel de Cabo Verde ou Gon-Gon, “Pterodroma feae”, são endemismos de Cabo Verde e reproduzem se dentro de seu limite. São espécies de grande importância para a conservação da biodiversidade, classificadas em perigo de extinção.

Encontrando o Gongon…

O Gongon é um voador rápido e ágil, que passa a maior parte de sua vida em águas oceânicas e que se aventura em terra apenas para se reproduzir entre setembro e junho, em Santiago, Fogo, São Nicolau e Santo Antão. As principais áreas de nidificação situam-se dentro dos limites da área protegida em Chã das Caldeiras, nas encostas da Bordeira, embora se encontrem também nas partes mais baixas da ilha. 

As principais ameaças têm origem nas comunidades rurais instaladas perto das suas áreas de reprodução, e prendem-se sobretudo com a existência de gatos e a caça humana, que ainda persiste. Esta espécie pode também ser suscetível à predação por ratos quando as crias são pequenas. O aumento da poluição luminosa na região nordeste da ilha e na caldeira também é motivo de preocupação.

Construtores de ninhos subterrâneos, são muito fiéis à sua toca e ao parceiro, de ano para ano. Esta espécie põe apenas um ovo por ano, desde o final de dezembro até meados de fevereiro. O ovo não é substituído em caso de perda. A incubação ocorre desde meados de fevereiro até ao início de março.

O período de eclosão dura até 4 dias e, após esse período, os adultos visitam o ninho apenas de noite para alimentar as crias durante algumas horas. Durante a criação das aves, os adultos podem ocasionalmente passar o dia na toca. As crias mudam de plumagem entre meados de maio e meados de junho. Os Gongon podem viver por mais de 30 anos, e pela sua preservação e proteção existem projetos específicos e várias atividades de sensibilização.

A comunidade de Chã das Caldeiras

A população de Chã das Caldeiras, ao redor do vulcão, são fortemente ligadas com a área protegida do Parque Natural da Ilha do Fogo pois os recursos: lenha, cultivos, plantas medicinais, turismo.

Chã das Caldeiras foi ocupada no início do século XX, por volta de 1917. A casa típica é o Funco, construção circular feita de basalto e coberta de folhas de carrapato.

A população local vive da agricultura tradicional, onde os cultivos dominantes são vinho, frutas e feijão. O famoso Vinho do Fogo, Manecon, é produzido aqui, nas vinhas plantadas na caldeira a partir dos 900 metros.

No século XX ocorreram duas erupções do vulcão, em 1951 e 1995, enquanto a última erupção foi no mês de Novembro de 2014 e destruiu as principais infraestruturas e casas em Chã das Caldeiras. Seis aberturas eruptivas formaram no lado ocidental do Pico do Fogo e originaram um cone vulcânico com mais de 100 metros de altura.

A lava destruiu as aldeias de Portela e Bangaeira e as pessoas que vivem aqui, cerca de 1300 habitantes, tiveram que ser transferidas para outros locais. Após a última erupção do vulcão a comunidade voltou a viver na caldeira, por volta de 500 habitantes, trabalhando principalmente na agricultura e no turismo.